Certas Canções

Certas Canções (1987)

Certas Canções foi o nosso primeiro disco e muitas das músicas já eram cantadas pelo grupo do qual fazíamos parte (Shekiná). Nessa época surgiu em Brasília um novo estúdio de gravação (SDK) e eu e o Rogério Carvalho tivemos a ideia de gravar nossas músicas no estúdio e apenas pra ver como era essa experiência. Rogério e Gláucia Carvalho fizeram tudo (tudo mesmo!) e durante as gravações surgiu a ideia de transformar aquela experiência num disco. Assim surgiu o disco e também como consequência disso a dupla João Inácio e Ranúzia. Lançamos o disco em 1987, na Sala Funarte, em Brasília.

Amor 1

AMOR 1
Wadislau Martins Gomes/João Inácio

Amar é mais do que falar de amor
É mais do que sons além da expressão.
O amor é intensa vida interior
Extravasando o coração.

Amar é mais do que êxtase ou encanto
É mais do que o som de um címbalo ou de um sino.
O amor é o riso que se segue ao pranto
É música que paira após o hino.

Amar é sendo Deus, romper a vida.
Tomar a forma humana, rubra dor.
E o inromper da morte já vencida.

Amar é ser o amor do Teu amor.
É ter-te salvador, Senhor,
Assim como na cruz,
Te entregas-te por mim.
Oh, Jesus, tão grande amor.
Te entregas-te por mim
Como na cruz.

Certas canções

CERTAS CANÇÕES
Gláucia de Carvalho/João Inácio

Certas canções
Fazem lembrar momentos marcantes.
Como se o tempo voltasse
E houvesse uma nova chance,
Pra viver um novo caminho ou
Fazer uma nova vida.

Existem lugares,
Palcos presentes de momentos marcantes.
Parecem existir apenas para atestarem,
Apenas prá registrarem
A passagem de um existência.

Existem versos que me fazem lembrar
De uma última canção, logo após uma ceia,
Prelúdio de um árduo caminho

Até um lugar que parece existir
Pra que eu entenda
O porque do meu resistir.
Pra que eu entenda

Compromisso

COMPROMISSO
Cláudio Cruz/ João Inácio

Por mais que você tente
Andar, falar, viver,
Sem a razão do criador
Não haverá pontos concretos
Em que você se possa apoiar.

Sempre haverá gestos subjetivos
Como dar milhos aos pombos
E acenos em favor da paz.

É tudo bondade
Que não tem objeto próprio.
O amor tem exigências e expectativas.
O amor espera resposta.
Este é o amor de Deus
Que espera uma verdadeira adoração
Em espírito e em verdade
À despeito de tudo!

Entretanto, o conceito que temos de
Um “campo de concentração”
É o mesmo de um “Maracanã lotado”
O amor tem exigências e expectativas!

Considerações comuns a todos

Considerações comuns à todos

CONSIDERAÇÕES COMUNS À TODOS
Cláudio Miranda/João Inácio

Ver a injustiça e Conviver com ela.
Ter alguns bem de vida
E não poder nela estar.
Olhar a exploração do homem fraco
E tirar partido dela, partido dela.

Ter os problemas nas mãos
E pô-los nos bolsos.
Achar o centro da ferida
E deixar chegar até osso.
Ter o poder da resolução
E o deixar escapar entre os dedos das mãos.

Mãos fortes e falsas que brilham no nada,
Criam ciladas e juram ser Deus.
Matam de noite e rezam de dia
E há inda quem diga
Que este crime é meu.

Temos que crêr que
Em Deus há solução,
Não basta, apenas, esperar
Na justiça das mãos.
É, meu irmão.

Do céu a terra

Do céu à terra

DO CÉU À TERRA
João Inácio

Eu sempre escuto: vem louvar!
Essa expressão
É bem mais que cantar.
Ela implica em vida
Mais além do que falar.

Um Deus, um homem,
Terra-terra.
Lição maior de entrega
Pra que saibas andar
Pra d´Ele falar
E ser aqui na terra
Reflexo da glória de Deus.

Vem louvar ao nosso Deus!
Vem, vem, vem louvar ao nosso Deus!

E não haveria

E NÃO HAVERIA
Cláudio Cruz/João Inácio

Há dias negros
Que lembrados
Arrancam lágrimas do coração
O que não foi
E nem será jamais.

E não haveria sonho algum
Se não houvesse o sopro unigênito
Que gerasse a vida.

E não haveria dom nenhum
Se não houvesse uma ação
À despeito de qual seja
A minha e a sua resposta.

E não haveria tempo algum
Se não houvesse o eterno
Tão terno, amável,
O axioma de todas as verdades
Descendo, humano,
Até uma cruz.

Ergo meu olhar

ERGO MEU OLHAR
Rogério de Carvalho/ João Inácio

Ergo meu olhar
Pois Tu me fazes ver
Os teus mistérios
Da Tua grandeza
Sem fim.

Vejo a noite,
Estrelas que louvam meu Senhor.
Cantar tua vida
Que se fêz em versos em mim.

Ergo meu olhar…

Montes

Palavra de ordem

PALAVRA DE ORDEM
Rogério de Carvalho/João Inácio

Palavras de ordem são fáceis de dizer.
Palavras de amor não devem ficar no falar.
Palavras são dívidas das vidas que querem viver.
Palavras que cortam, mesmo que venham de Deus.

Elohim, Deus da criação.
Adonai, Deus poderoso.
E todo joelho se dobre:
Essa palavra é de ordem.

Palavras nem sempre
revelam o que querem dizer.
O verbo encarnou,
Ele não quis ficar no falar.
Palavras são dívidas
das vidas que querem viver.
Palavras que mostram
toda a glória de Deus.