Lá por volta de 1974, 1975, quando comecei a escrever poesias, logo veio o desejo de também fazer músicas à partir destas. Só tinha um pequeno problema: não sabia compor e nunca tinha tido qualquer influência musical. Entrei no coral da escola e muitas das vezes eu apenas abria a boca pra fingir que estava cantando. Era muito desafinado. Comecei a ter aulas de violão, mas a coisa não fluía. Uma vez um professor amigo “brincou” dizendo “Netinho, vai por mim, suas poesias são maravilhosas”. Hahahaha… miserável! Em parte ele estava certo, eu realmente era muito ruim no instrumento e sem qualquer noção de afinação. Não conseguia sequer discernir a diferença entre duas notas. Mas eu queria, achava que minhas poesias ficariam legais na forma de música e não me dei por vencido.

Aos poucos comecei a compor minhas próprias músicas (cataloguei mais de 100, penas que dessa fase só lembro a melodia de umas 10). Em 1983 já não era mais eu apenas, e sim nós, pois era o marido da Dona Ranúzia. Lembro-me quando ela cantou uma música minha pela primeira vez… nossa, que diferença. Que voz! Como ela cantava! Em 1985, juntos criamos o grupo musical Shekiná que durou até 1988.

Com o fim do grupo, meio que sem querer, começamos a nos apresentar como dupla e Deus colocou em nossas vidas dois irmãos geniais, Rogério e Gláucia Carvalho. Nossas produções musicais podem ser divididas entre antes e depois desses bondosos e talentosos amigos. Na sequência apareceu o Sidney Brito, um dos melhores arranjadores que vi trabalhar até hoje, e amparados por eles fomos fundo. De botecos à pequenas e grandes igrejas. Na rua ou em projetos culturais promovidos pelo governo. Em muitos cantos desse nosso país e até fora dele, sou meio averso à fama mas reconheço que a dupla João Inácio & Ranúzia até que foi bem conhecida.

Juntos gravamos 4 discos (Certas Canções, Sal da terra brasis, O eterno em mim e Montes) e produzi 2 apenas com Ranúzia cantando hinos tradicionais (Grata Memória – Voz Piano e Emoção, Volumes 1 e 2) acompanhada apelo excelente pianista Andreiev Kalupniek. Além dos meus trabalhos também comecei a produzir discos de outros artistas como o Natal Instrumental, das musicistas Norma Lilian e Marília Gonzaga, e também o CD “Salmos, as Canções de Deus, com narração do Rev. Adail Sandoval.

Hoje brinco dizendo que a música “foi um rio em minha vida e meu coração se deixou louvar”. Tudo teve seu tempo. A experiência foi de grande valia e graças a isso hoje compreendo como a música deve se comportar dentro de um filme, por exemplo. Em 2012, de maneira informal e sem grandes aspirações, percebemos que era tempo de estabelecer um marco para à partir seguir noutro rumo. Por isso, quando completei 50 anos, produzimos um DVD chamado Lá em casa. Nada de especial ou badalação. Apenas reunimos alguns amigos no quintal de casa e gravamos parte das músicas de nosso repertório em um DVD que foi cedido gratuitamente a estes amigos (não, não existe para venda) e muitos dos vídeos podem ser encontrados no respectivo álbum.

ÁLBUNS

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