AMAR O ARTISTA, ETERNAMENTE…

Marcus Ottoni
jornalista

Amaro de todos os santos, se não,  de alguns tantos, ou mesmo nenhum deles de acordo com sua carioquês de Santo Amaro. Homem de portos e paixões por sete mares e pela multifacetada visão artística de um mundo que se achou no “Big Bang” e será extinto no “Big Crash” para recomeçar tudo novamente, bolha por bolha, pedra por pedra, humano por humano, desastre por desastre… dinossauricamente…

Senhor de quase nenhum anel, Santo Amaro faz-se humanóide caleidoscopicamente composto por artes diversas rusticamente inacabadas – como seu próprio tempo – de profundidade cósmica. Ser de muitas palavras  e gestos, homem irrequieto por essência, pode servir-se do mundo bebericando-o em doses homeopáticas, ou sorvendo-o gulosa e interminavelmente através de suas mais variadas formas de expressão cultural. Achá-lo em palavras; longas, complexas, sutis, eróticas, infantis e codificadas, faz do seu logus poético o ser multimídia contemporâneo que brinca e dança como criança e se faz artista plástico, ou dançarino de praça e ruas, de forma múltipla, seja com o que a sociedade inutiliza no seu desvã consumista ou com o som imperceptível que a mente capta e transforma em coreografia performática.

Meta metade de uma metamorfose constante, ambulante, talvez, mas conhecedora dos limites, não seus – que se revelam infinitos-, mas do mundo que o cerca e o traduz como espiral de misteriosa concepção curiosa e indecifrável. Santo Amaro transforma, na simplicidade do seu “fazer como” o que, posto velho, se dirá novo por suas mãos, corpo, pensamento, alma, coração e mente.

Santo Amaro, que não é santo, diga-se de passagem, é muito mais que humano. É energia pura, cósmica de além mundos e, também, de outros mundos abaixo dos mares, das matas e das cidades. Energia acumulada em quase nove décadas de reciclagem ininterrupta, numa convivência não tão pacífica com os seus iguais em aparência e forma – e consigo mesmo também-, que se recompõe dia após dia pela criança imortal que habita o interior de Santo Amaro, descobridora do segredo da razão de ser e estar vivo, muito bem vivo.

Viva Santo Amaro de todos e por todos os tempos e tempos que já se foram e aqueles que estão por vir. Amar o artista… eternamente….