AMAR O ARTISTA, ETERNAMENTE…
Marcus Ottoni
jornalista
Amaro de todos os santos, se não, de alguns tantos, ou mesmo nenhum deles de acordo com sua carioquês de Santo Amaro. Homem de portos e paixões por sete mares e pela multifacetada visão artística de um mundo que se achou no “Big Bang” e será extinto no “Big Crash” para recomeçar tudo novamente, bolha por bolha, pedra por pedra, humano por humano, desastre por desastre… dinossauricamente…
Senhor de quase nenhum anel, Santo Amaro faz-se humanóide caleidoscopicamente composto por artes diversas rusticamente inacabadas – como seu próprio tempo – de profundidade cósmica. Ser de muitas palavras e gestos, homem irrequieto por essência, pode servir-se do mundo bebericando-o em doses homeopáticas, ou sorvendo-o gulosa e interminavelmente através de suas mais variadas formas de expressão cultural. Achá-lo em palavras; longas, complexas, sutis, eróticas, infantis e codificadas, faz do seu logus poético o ser multimídia contemporâneo que brinca e dança como criança e se faz artista plástico, ou dançarino de praça e ruas, de forma múltipla, seja com o que a sociedade inutiliza no seu desvã consumista ou com o som imperceptível que a mente capta e transforma em coreografia performática.
Meta metade de uma metamorfose constante, ambulante, talvez, mas conhecedora dos limites, não seus – que se revelam infinitos-, mas do mundo que o cerca e o traduz como espiral de misteriosa concepção curiosa e indecifrável. Santo Amaro transforma, na simplicidade do seu “fazer como” o que, posto velho, se dirá novo por suas mãos, corpo, pensamento, alma, coração e mente.
Santo Amaro, que não é santo, diga-se de passagem, é muito mais que humano. É energia pura, cósmica de além mundos e, também, de outros mundos abaixo dos mares, das matas e das cidades. Energia acumulada em quase nove décadas de reciclagem ininterrupta, numa convivência não tão pacífica com os seus iguais em aparência e forma – e consigo mesmo também-, que se recompõe dia após dia pela criança imortal que habita o interior de Santo Amaro, descobridora do segredo da razão de ser e estar vivo, muito bem vivo.
Viva Santo Amaro de todos e por todos os tempos e tempos que já se foram e aqueles que estão por vir. Amar o artista… eternamente….


A carta
A Carta
Olá, my dear father.
O fato é o seguinte: seguem as poesias devida e gentilmente digitadas pelo Marcus em duas colunas, como ele explicou. A três últimas folhas não estão no mesmo formato, mas não se preocupe. Nada vai ficar desse jeito mesmo. É só para sua correção. Corrija com calma e localize, please, aqueles fragmentos aparentemente sem origem indicando as poesias das quais fazem parte. Não precisa recortar nada. É só indicar modificações e acréscimos, se for o caso, às margens da página. Devem haver erros, tendo em conta também os erros da primeira digitação feita pela pessoa lá em Goiás. Afinal, a sua letra nem sempre é fácil de entender.
Seguem ainda, como o senhor pode ver, algumas fotos que tiramos aí. Ficaram ótimas!
Ah sim, e também algumas poesias do Marcus e um texto jornalístico dele e o projeto do qual ele lhe falou.
Beijos para o senhor e Eliane.
Marlow e Marcanttoni
Ágora
Ágora
Eis minha capital, meu corpo
Revolatados contra a agora
Desse helenizado mundo.
Na mesma hora de sempre,
Quando a mosquita voante
-Vide atrás ou adiante –
Pousa em frente ao meu ponteiro
na rota sua, tranqüilo,
marcando da história a hora.
Eis da capital o universo,
Meu pescoço, minhacabeça,
Cápsula elipsoidal,
Cogitando no “ergo sum”,
“Je pense, doc je suis”
do descartado Descarte.
No tempo que vai passando,
Corre, me abandonando,
Pensando que não existo.
Presente que se festeja,
Passado que se despeja,
Futuro mui desconfiado
Por sem saber onde vem,
Um saindo, outro entrando,
Outro ficando ou ficado.
Eis, capital da “res” pública
Que governa esta “res” coisa
Com justiça cabra-cega
De uma mosquita volante,
Voando não sabe p´ra onde
Com medo de ser expulsa.
Desgovernada implora
Ao relógio do meu pulso
Que pulse sem marcar hora.
Eis a capital loucura
Do rombo, da esperteza
Da malandragem política,
Onde impera paralítica,
Parlamentar realeza
Da moda, da maquiagem,
Do fisiologismo espartano;
Do sonho redes… sonhado,
Das leis mais escoaçantes,
Das falas sonitroantes;
Discursos encomendados,
Voando à frente e outrora.
Da prata que de ouro doura,
E custa da cara os olhos.
Das verbas de orçamento
Que desaparecem ao vento,
Votadas por maus votantes.
Na capital tri-infernal
Capeta pluriversal,
Que todo o todo inferna;
Rebestializa a besteira,
Todos, tudo que se move,
Se paraliza, torce, chora,
Se esmorece, respira.
Se decepciona, se rasga;
Se joga embaixo do bonde
Da história de perto e longe.
Se não morre, se esconde
Até vergonha passar
Da hora que se deflora
Por falta de homem, não anão,
De vergonha, de visão.
Eis a principal capital,
O Eldorado dos caras,
Simulacros, sepulturas;
Dos lamentos dos parlamentos
Que me olham , gananciosos,
Querendo me roubar a prosa
P´ra não falar a verdade
Que o mundo não é todo rosa,
E vou-me embora p´ro brejo,
A viver junto com os sapos,
Que engula p´ra vomitar…
Esbanjando ingenuidade,
Aplaudindo a falsidade,
Pois gosto de me enganar.
Passando necessidade,
Me perdendo na cidade
Será o começo do fim
Ou é só arrière-pensée,
Apocalipse now ou never,
Aquecimento dos pólos,
Ozonosfera zerando;
Mega-iceberg despenca,
Ciência esconde a encrenca
E o pânico se instalando?
Será que está tudo errado,
Precisando de consertar,
Colocar no trilho o trem
Que estamos atrasados
(desde que nasceu Raul Seixas)
em dez sic mil anos,
chocando conhecimentos,
fazendo o trem atrasar?
Será falta de competência
De homens bem intencionados,
Porque fome aumentando,
Tragédias se multiplicando,
Tsunames, terremotos,
Guerras de todo tipo…
Bombas em stand by
Politeísmos errados?
Será tolice, loucura;
Arrematada besteira
Não se pensar na dianteira;
Descobrir já um outro mundo,
Ainda com o sol no levante,
Como o louco do Colombo
Que descortinou lá adiante
O mundo pré-colombiano?
Será neste planeta-água,
A potável a se zerar,
Que temos de economizar,
Do contrário é mais desgraças;
Dentro de mais vinte anos,
E antes do que estão pensando,
Entre três só um água terá…
Ainda pior que no Ceará?
Será pouca a imprudência
Dos homens de paciência
Que ficam a ver navio,
Enquanto anos a fio,
Séculos e até milênios
Se fala e até se grita
Que em Deus está a solução;
Que Ele é a salvação bendita?
Agrura
Agrura
Ser ternura, ser candura,
Ser bondade, caridade;
Ser cheio de emoção,
Com a força da grandeza
De um belo coração…
Num mundo grosso calibre
Que mata quem o atura;
Sem dó nem do moribundo,
Sem nenhuma compaixão?
Ser uma boa criatura
Capaz de assumir a agrura
De quem está na pior?!
Digo, com farta tristeza,
Mas com a maior franqueza,
Preferindo ser melhor…
Não sei o que é pior
Alegria Gastrocômica
Alegria Gastrocômica
(GOIÁS, FESTA GASTRO/05)
Renata, Marcelo, Leonardo;
Vladimir, Sebastião
Murilo. Camburys
Universos Gastros cursando.
Gastronômicas manias;
Aprendendo, ensinando
Como e quando comer.
De fome, jamais morrer.
Aleluia
Aleluia
Aleluia, aleluia, ale…
Ouve todo o planeta
Glorificando palavra
De berço medioriental,
Onde ferve o caldeirão
Por razão transcendental
E aqui no Ocidente,
Por força de religião,
Se torna forte refrão,
Que anima toda a gente,
De toda qualquer região,
Com energia sem igual.
Fato, nem todos sabem
A história que ela tem;
Se veio do céu p´ra terra;
O mistério que a encerra,
Vindo de onde vem.
Se é mesmo original.
Louva o Deus Altíssimo
Em pura e santa harmonia;
Resume toda a benção
Que o universo encanta,
E fala da eterna alegria
Em concerto angelical.
Aquário
Aquário
Aguaceiro e ar quase puro
Mistura quase impossível
Na física-química da moda
Dos quantas energia,
Dos quálicas de qualidade.
Porquanto se o vento sopra
Geralmente vem-lhe atrás
Aquela chuva pingada,
Separada pelo ar, que molha
A relva acomodada,
Acostumada a esperar.
E molha a água molhada
Onde quer que se encontrar,
Deixando feliz o Aquário,
Que um dia se irá embora,
Mas depois de governar
O planeta, em aguaceiro
Que esfria o fogareiro
P´ro mundo não incendiar.
Arribação
Arribação
N´água caio semi-oleado,
Nessa piscina grandiosa
Do nosso planeta aguado,
Pensando somente em nada;
E cada mais vezes caio.
Como não fico molhado,
Entrando assim como saio,
Por estar mais do que untado,
Vem-me, certa, a conclusão:
Sou como ave penada,
De asas semi-cortadas
Por falta de compaixão;
Sem as penas encharcadas,
Iguais as do mergulhão.
Sou ave pré-destinada
A não vestir a ilusão
De voar na longa estrada
Das aves de arribação.
Arrogância
Arrogância
De tudo me saio inteiro
e sempre sou o primeiro
na frente de todo mundo.
Do lado esquerdo, direito;
do fundo de qualquer poço.
Por cima, por baixo, bem fundo,
batendo feliz no peito…
sou o máximo, um colosso.
Barata
Barata
Ao equilíbrio ecológico
Qualquer bichinho faz falta,
Porquanto é mais do que lógico
Que foi criado por alta
Sabedoria, por Deus,
Por razões assim, assim.
Se temos u´a sorte ingrata?
Qualquer dia irei morrer?
Também morrerá a barata.
Por ela mesma e por mim.
Beijo
Beijo
Do beijo e do desejo
Por ele materializado
Uma coisa não se diz
Em nenhuma parte do mundo
Onde o beijo, desmotivado,
Tem que culpar o nariz,
Que o atrapalha sem pejo,
No momento em que ele é dado.
Desde a Antigüidade
A esses dias mais recentes
O beijo vem pela frente
Mas pode vir pelo lado.
É o beijo do envergonhado
Em que o outro fica babado;
O beijo elegante,
Que não quer ver com a amante
O público escandalizado.
Do Judas pré-destinado,
Que traiu o bom Mestre amado
E foi por si mesmo enforcado.
Beleura
Belezura
Na fragância e na elegância
dos teus cheiros,
dos teus jeitos,
teus floreiros
tens calor.
Tens tu muita alegria.
Tens tudo que eu mais queria.
Tens beleza, tens carícia,
tens malícia,
muito amor.
Cabrito
Cabrito
Enquanto o cabrito berra
Eu canto minha canção
Pois eu também sou cabrito,
Cabritinho, não cabritão,
Que horóscopo não é mentira.
Mas, se ele de mim algo tira
Dá-me muito mais Deus então.
Capeta
Capeta
Prendam-me se for possível
Por denunciar o ardil
De enganar por tempo todo
A humanidade o Brasil.
Digam que a incompetência
Das lideranças do mundo
Carecem de intelegigência
Do saber de Deus oriundo.
Carecem também da coragem
Que lá do céu já nos vem,
A desvendar o mistério
Do mundo daqui de além.
Porque entregam o planeta
Às forças que o descontrolam,
Sub-repticiamente,
Sob as ordens do capeta.
Englupem nações inteiras
Com flores de cemitério;
Com tragédias verdadeiras,
Com refinada arrogância.
E com besteiral eterno
Da besta, desse inferno
Que apavora engana explora
A santíssima ignorância.
Porque silenciam o fato,
questão de viver ou morrer…
Ah! Deus também quer saber?
Chiqueiro
Chiqueiro
Vou fazer o mundo terceiro
Passar de primeiro à frente
Lotado de gente rica
(não pobre, que isso complica)
mas que ainda mais enriquece.
Até que o Fernando enriquece,
Que não sei se já enriqueceu.
Quem sabe, ele merece,
Posto que sofreu na vida,
Comendo o pão que o Diabo,
Sempre achocalhar o rabo,
Amassou mas não comeu.
Um mundo pacificado,
Sem distinção de classe
Entre o luxo e o lixeiro,
Entre a briga e a lombriga,
Que só prestam p´ra rimar.
Entre o elefante e a formiga,
Entre quem já aprendeu entrar.
Um mundo acelerado,
Em marcha, mas sem volver;
Onde ninguém perde o pique
Ou fica desabastado.
Um mundo de gente chique,
Sem besteirol ou abobado,
Sem por nada desesperar.
Sem bagunçar o puleiro,
Onde quem canta é o galo,
Que a galinha já está cantando,
Mas vive a cacarejar.
Sem dores de cotovelo,
Sem malandragens, apelo;
Sem porcos e sem porqueiro…
Com gente que saber ser
Chique, mas sem chiqueiro.
Muito mais do que aqui falo;
Mais do que sei ou posso falar.
Ciúme
Ciúme
Era uma vez ou duas
Estava na sua cola,
Bebendo só coca-cola,
Tudo p´ra te agradar.
Como não tinha outro jeito
Tive genial idéia,
Cheia de prosopopéia,
Mas boa p´ra eu gostar.
Comecei a ficar feia
Até a me tornar horrível,
Com uma cara muito alheia,
Mas você não se importou.
É que o meu coração
Perdeu todo o encantamento,
E, uma coisa incrível,
Você ficou ciumento.
Como
Como
Como estrela cadente
Que breve brilha no espaço
Me sinto um ser atraente
Mistura de velho e palhaço.
Como a luz que se apaga
E volta a se acender
Assim é o meu luzeiro…
Só acende no entardecer.
Como criança que chora
Sem despertar atenção
Me vejo por dentro e fora
Chorando na solidão.
Como o pássaro que voa
E canta para exaltar
A natureza em festa,
Eu canto, mas sem voar.
Como o leão que ruge
Dizendo ser valentão
Enquanto o tempo urge
Vou controlando a paixão.
Como a vaca que tosse
Tendo de mastigar
Eu digo que já tomei posse
Do direito de me esbaldar.
Se agora estou terminado
Com essa peroração
Confesso, já se acabou
Minha parca inspiração.
Coracoração
CORACORAÇÃO
Vem-me agora a pedida
Poesia da cor (que cora)
E do coração. Do Leão…
Do Leonardo sentido,
Chorando lágrimas de vidro,
De amor, sentimento paixão.
Quem me dera ser assim
Como ele cheio de ilusão,
De vida, de força, às vezes
Perdida por amor,
Sem contra-partida…
Mas ele é forte, é leão.
Cora Linda
Cora Linda
Cora, cora, cora linda,
Mais que Cora,
Mais que lina;
Cora a cor do desbotado.
Cora a alma do sem vida;
Cora a cara, cara nua
Do infeliz, do desgraçado.
Tudo cora, tudo anima
P´ra continuar a lida.
Cora, cora, cora agora
Que não quero descorar.
Cora a cara apavorada
Do assustado, temeroso;
A do falso avermelhado
Do rosto a se esbranquiçar.
Dê vergonha ao sem-vergonha,
Ao inimigo predador.
Cora o excesso esbranquiçado
Que amortalha o desmaiado…
Vem daí de cima aqui,
Correndo na sua nave,
Contra a poluição do Vermelho,
Da enchente, do destranbelho
Que enfeiam o Patrimônio,
Por obras desse demônio
Que destrói nossacidade.
Vem depressa, vem agora
Com a arte do fazer;
Essa poesia ousada,
Forte vibrante, encantada
Que faz o povo viver.
Que recria a fantasia,
Que inspira vibra e transforma
A sorte de todo ser,
Nascida da realidade
Que o mundo está a saber.
Olha, estou lhe esperando…
E, saiba, não estou blefando,
Eu sou inda mais você.
DÊ um pulo aqui embaixo,
Reveja a comunidade
Que seu estilo arrojado
Transforma em felicidade.
Coreto
Coreto
Lá embaixo ou lá em cima
Eu fico sem medo algum,
Pois é uma obra prima,
Fortificada, incomum.
Este coreto se cora
Da graça de Coralina
Que, antes de ir-se embora
Provou que a ele se inclina.
Que amava este coreto,
O seu branco-anil destacado;
A sua aparência de sonho,
De paraíso encantado.
A família dos Barbosas,
João, Darcy, Sérgio, Sandro,
Gumercindo, Cindo, Raul…
Vivas! Trinta anos de rosas!
Sim repetindo, de rosas,
Levando ao mundo fragor.
E o mundo em verso e prosa,
Declarando ao coreto amor.
A este coreto que adoro,
Tombado por patrimônio,
Desejo, e até imploro,
Seja jardim sempre em flor.
Dançando Comigo
Dançando Comigo
Seu nome não sei ainda,
Mas sei que você é linda,
Que é eterna sua alma pura;
Sua singela doçura,
Muito além do meu verso…
Acima de minha verne.
Você quase dança comigo,
Mas fui eu quem dançou contigo
Em sonhos de aventura.
De Bellum
De Bellum
Falta memória
Do que nos dizem
Sobre as tais guerras
Da emoção.
Das que obrigam
Deixar a vida,
A mais querida,
Em estranhas mãos.
Das que se perdem
Nas densas trevas
Da escuridão,
Entre a flor bela
E o parabelum
Da destruição.
Entre a tragédia
E a salvação.
Dor
Dor
Lá de ignaras distâncias
Lá vem ela, com força e ardor,
Descrevendo a sinuosa
Linha em que se conduz o amor.
Pedaços de esperança
Quebrados em dor de horrores,
Vencendo barreiras mil
Com a sorte de seus amores.
Formas em eterno ensaio,
Subindo ao céu em cascata
Nas frias noites de lua…
De falsos luares de prata.
De namorados em crise
Entre rusgas duvidosas
E incertezas em festa,
E multidões amorosas.
Lá se vem de ignaras
Distâncias que não têm fim,
Trazendo o mister que faz
A sorte pairar em mim.
É o Fim
É o Fim
Vigi, como me empenho
Em escrever tanta bobagem
Que nunca você quer ler,
Nem guardar recordação.
Escrevo, mas sem pensar
Porque se penso não saí,
Fico no vai mas não vai,
A cabeça em danação.
Quem ler muito estas coisas,
Com raiva sem emoção,
Um dia tem que querer
Acabar com o poeta,
Esquecer a poesia;
A coisa vai ficar preta.
Vou quebrar minha caneta,
Me desculpar com o povão.
Vou livrar a minha cara,
Parar com essa mania
De dizer o que não queria
P´ra enganar o coração.
Em Tempo
Em Tempo
Eu vim p´ra esse Goiás,
fugindo da mal-querência,
de falsos amigos que eram
bons só na aparência.
Mas sofro porque queria
colocar a vida em dia
com os amigos de lá,
sinceros e verdadeiros
que, penso, serão os primeiros
a virem aqui morar.
Vim p´ra esse Goiás
não por capricho por nada;
nem a procura de paz,
que há muito me foi dada.
Vim, em tempo, correndo,
que não me queria engoiar
com meu coração dorido
por falta de emoção
Enamorada
Enamorada
Vejo que está ferida
A rosa toda amarela
Que vive lá na janela
Da minha mais preferida
Roseira verdes de folhas;
E espinhos poucos afinados
Com a amplitude em flor.
E galhos enrijecidos,
E pétalas despetaladas
Da rosa enamorada
Do cravo, por seu amor.
É a vida que o vento leva,
De roseirais desfolhados
E roseiras desrosadas.
Que murcham de dor em dor.
Escatológica
Escatológica
Será imperiosa verdade
Que para entender o óbvio
Vamos necessitar de quase
Mais cinqüenta anos ainda,
Pois que há milênios se fala
De uma tal civilização
Do príncipe do mal; seu reino
Cada vez mais na berlinda?
Será bom brincar de ciência,
De tecnologia abstrata,
De geolografia enquadrada;
De esconde-esconde verdade,
Ofuscando a claridae
De um perigo eminente;
De vozes de lá de dentro
Embaixo dos pés da gente?
Será que estamos pensando
Tudo que se tem dito
Nos livros de antigamente,
Nos papiros de manuscrito
E pergaminhos sagrados;
No munod da ficção;
Nos bastidores do oculto
Que promovem a ocultação?
Será que somos tão idiotas
Como se boçais beócios,
Da ocidental cultura…
E, então, nos pregam peças
De fantásticas fantasias
De universos em derrocada
De dois mundos em colisão,
O de Deus e o da tentação?
Será que não se aprendeu
Que ninguém nasce tão burro
Para acreditar tão-somente
Na farsa do enlightment,
Na propaganda enganosa
Que vai muito além da prosa;
Além do que estabelece
A lei do establishment?
Esperança
Esperança
Ó TU QUE CHORAS
A RIOS
A FUGA DA VERDE
ESPERANÇA.
QUEM CRÊ NÃO DESESPERA,
PORQUE QUEM CRÊ
SEMPRE ALCANÇA.
Eureca
Eureca
Na escuridão dos caminhos
Que em multidão se cruzam
Pisei em muitos espinhos,
Em farpas de infinitos;
Em pedras mil tropecei…
Dizia em meu vão orgulho, levando cheio o embrulho
Da minha vida indo à breca,
“Achei, achei”, ou Eureca (!)
mas, na verdade não achei.
Quebrei acara no muro,
rastejei na lama
sem água, pão, sem perdão.
pedi a Deus compaixão
por ter infligido a lei…
Do amor que não amei
por falta de coração.
E, só, então, me encontrei.
Faça-se a Poesia
Faça-se a Poesia
E o poema e o verso
Que levantam a gente inteira
Contra a falta de progresso.
Contra a picaretagem,
A incompetência, a besteira
Que arruínam toda a vida,
Como a dessa hospitaleira
Cidade que é universal,
A que cumpre ter boa imagem
E estar sempre no pedestal
Da cidade mais querida.
Faça-se a poesia
E o poema dessa gente,
Que sabe usar sua mente
Contra a maldade e esperteza
Dessas caras descaradas
(???????)
Fashion
Fashion
Fui assistir o desfile
Da minha imaginação.
Bem em frente da passarela
Sentei-me cheio de paixão,
Sabendo que a minha linda,
Que o meu coração deslinda,
E eterno amor imploro,
Poderia não ser a mais bela.
Ali fiquei irrequieto
Até que de repente ela
Surge toda encantadora
Me superando a pletora,
Que sou, sem ela, incompleto
Como infeliz sem afeto,
Ave avião sem teto,
Sem como quando voar.
Por certo é na quimera,
Nos sonhos da emoção,
Nas fashion da nossa vida,
Das armações irreais
Onde a beleza impera
E onde é desiludida;
Não se é menos nem mais
Que desfile de ilusão.
Feira livre
Feira livre
Só compro na feira livre
Da liberdade do preço,
Do custo que eu mereço,
Sem marca em mercadoria…
E salve-se quem puder.
Nela se encontra de tudo,
O surdo, o cego e o mudo;
O doido, o esquisito, o homem do periquito.
O rico, o pobre e o mico;
O papagaio falante.
Lá também se perde a bolsa
E até se perde a vida,
Que nela não é garantida,
Seja a minha
Ou a do feirante.
Fernando
Fernando
Já que me destes só teu nome;
Não falou-me mais sua vida…
A poesia é o abstrato.
És ausência total quase demais.
Ou vives sem cometer ato?
ÉS FERNANDO? ÉS DE FATO?
Como devo pintar o teu retrato?
Além de interrogações,
Que mais existe aí
No teu anonimato?
QUASE
Fica
FICA
Festival Internacional Ambiental
Do Cinema. Sensacional; sem
Problema!…
É pura festa, alegria;
Público lindo, escolado
Que aqui assim não se via,
Tão belo, tão engajado
Que nem mais penso em voltar.
Sem mais, porém, incertezas, que antes me consumiam,
olho então sem dilema,
olhos cheios de belezas,
o desfile das beldades,
suas modernidades.
Das grandezas do cinema,
dos now-hows, das novidades.
Dos segredos desvendados,
dos crimes perpetrados
pelas lentes do ampliar.
Vou lutar pelo ambiente,
ensinar a toda a gente
e deixar de lero-lero…
Mamãe eu quero ficar.
Ficamos
Ficamos
Estamos de plena festa
Sobre pedras em profusão,
Sentindo, mas sem doer
O peso, em sublimação,
Que vibra de simplório encanto…
Da beleza Vila boa,
Da festa que em festa entoa
As festas do Festival
Do Sétimo, que a pura mística
No seu tom real exprime,
Em plena ritualística
Do cinema ambiental.
Ficar
Ficar
Quem não fica se trumbica
Perde a praça o logradouro:
Perde o show na via pública;
E não sabe o que é ser rico
Das virtudes do ficar.
E vai-se embora às lágrimas;
E choros secos e mágoas,
Escondendo a solidão;
Sem dizer a alguém que fico,
Sem beijar de boca e bico
E saber o que é bom.
Perde o orgulho, a segurança,
A paz, a fé, a esperança.
Perde a graça, a sensação.
Perde o gosto de fiar.
Perde o saber profundo
Do fingir em televisão…
Deixa de ser feliz
Por não driblar a ilusão.
Filhos da Parição
Filhos da Parição
Filho de Deus, de Eva e Adão;
De Sara/Sarai, com o maridão,
Por divina intervenção sarada.
Filhos de Abraão e Agá ex-escravisada:
Ismael. Pai da arábica oposição.
Olha só que beleza de confusão
Foi aprontar a mulher do “Pai das Nações”
Que ora brigam quase sem parar,
Armando a Terceira Belo-Armagedom,
Ao embalo de loucuras e paixões.
Filhos da pátria, pátria-mãe gentil
Filhos do bem, filhos do mal…
Filho “persona non grata”
De quem casou sob chuvas de prata,
Mas não provou do mel da própria lua.
Lua do amor ultra-sobrenatural
Amor perfeito, espiritual virginal,
Que foi deixado não sei por quem
Sob uma ponte, ou na sarjeta da rua
Para não ser jogado embaixo do trem.
Filho do horror, do pudor matrimonial,
Já trazendo, dentro, o pecado de agora
E o original pecado de outrora.
Filho das tramas ultra-subliminares
Entre amigos ímpares e pares.
Filho da …(não me permite a educação).
Da filial, da ocasião da aventura…
Da falta de responsabilidade;
Do descontrole da sexualidade.
Filhos da parição; da amargura.
Floral
Floral
Flor de lis,
Flor de floresta
Flor de flor
Flor de florista
És a flor
Linda flor,… linda
Só ternura,
Só encantos.
Fonte
Fonte
Fonte, ó minha fonte
Pó que estás desligada?
Por que a vejo tristonha
Como fonte abandonada?
Digas que a esqueceu,
Se já morreu ou está vivo.
Fales com a tua voz seca,
Com a boca de quem a perdeu.
Sabes que eras mui bela;
Fazias do povo a alegria,
Que em torno de ti se ajuntava,
Vivendo sua fantasia.
Fonte, ó fonte querida,
Terás tu nascido em vão?
As águas que jorram da vida
Em breve de ti jorrarão.
Galáxias
Galáxias
Caiu, do chão não brotou,
Que veio de eternas galáxias
A estrela que desencantou
Num caldeirão de falácias.
Caiu, logo também se enterrou;
Saindo lá do outro lado;
Aqui virou quarentena,
Que nada valeu a pena…
Para as galáxias voltou.
Por lá passou longo tempo,
Girando por universos,
Poemas, poesias, versos,
Depois de voltar da terra,
Onde aprendeu e ensinou amor
E a mágica de reencantar
Então, de pouco fez tudo
Cujo fazer estava feito
Nos arcanos eternais;
Nos templos da emoção;
Nas aves de arribação
Que voam em vôo perfeito
Nas asas da imaginação,
De vôos de plúmbea ilusão,
Como a loucura poeta…
Que com um pé pisa na rua
Com o outro marca compassos;
Com a mente perscruta a lua.
E enquanto u´a mão tem a pena,
A outra inventa acena
De estrelas singrando espaços.
Grata Graça
Grata Graça
Salve nós e vós e eles
Que aqui estamos não aí.
Beleza pura florindo
O campo, a relva e o mar;
O espaço, as aves fluindo.
O céu, a lua de mel
Rasgando o antigo véu
Do mistério do amor.
Amando tudo em alguém
Com a força do eterno bem…
Salve eles e vós e nós.
Lambão
Lambão
Sai daqui
Vai p´ra bem longe.
Vai fazer o seu inferno
Fora dessa região,
Bem longe desta cidade.
Seu cheiro me mortifica,
sua cara me faz pensar
Em fantasmas, em correr,
Ter medo de assombração.
Desaparece, lambão.
Libra
Libra
No ar está lá suspensa,
No balanço do alegre vento,
No tombo, sem ir ao chão;
Equilibrando a emoç~~ao,
A libra na sua mística
De ser fiel de balança,
Que anula o descompasso
Em tudo que incerto faço.
No viver de cada dia,
Nas horas que eu nem sabia.
No instante do embaraço,
Na luta contra o cansaço.
No minuto em que não morro,
Em que nem peço socorro
Quando descuido no passo.
Não me apavoro nem corro;
Não me enrolo ou me embaraço.
Viva libra no espaço.
Liliam
Liliam
(Festa – Gastrocômica/05)
Mais que LILI-EVA
Mulher vibrante de luz,
De estonteante candura
Jorrando beleza em amor.
Professando singeleza
Saber professoral.
Alegria contagiante
Própria de memorial…
Simpatia, empatia;
Teatro puro, sincero,
Fazendo mais do que espero
No gastro-educacional.
Lixo
Lixo
Joga o lixo na lixeira
Deixa de fazer besteira
Jogando o lixo no chão.
Não transforme nossa vida
Numa coisa inda mais doida;
Num verdadeiro lixão.
Maratona
Maratona
Fazia-se carnal o Verbo
também gente me fazia
e, então, o meu corpo quente,
me vi bruscamente atirado
à existencial aventura
da olímpica fantasia
de sonhos de pesadelos
de olímpicas serpentes
encantadas, perigosas.
Com medo de picadelas
e da insegura vitória,
lá vinha eu embalado…
Sendo muito bem cabeça
mas não menos flagelado.
Já era semi-encarnado.
Imerso num mar colosso,
de líquido viscoso, grosso,
pensando na liberdade
que os deuses enfim me dariam
quando fosse um ser formado
e, se possível, formoso…
vinha lá eu presunçoso.
Feliz, ganhei a corrida
dos que corriam comigo,
que morreram na estrada
da primeira maratona
das maratonas da vida,
na qual disputei na raça
a mais louca fantasia
que, há muito, perdeu a graça
do deus que a presidia.
Finalizando a história,
que já esqueci na memória,
quase perdi o umbigo
com a vida inda mal vivida
e o cordão umbilical,
ao me tirarem da praça
da barriga maternal.
Maravilhosa Senhora
Maravilhosa Senhora
Ó maravilhosa senhora
Esqueça que fui tão cruel,
Naquela doce aventura
Findada na lua de mel.
Maravilhosa
Maravilhosa
A coisa pluripatético
Que revolucionou a ética,
Se espalhou por toda parte
Tem origem no Eterno,
Que implantou no universo,
Princípio anti-inferno,
Colocando amor e estética
Na base da bela arte,
Porquanto tudo Ele criou
Bom, perfeito e, logo, belo.
Por isso, eis minha beleza.
Ele me fez formosa,
Mudou-me de paralelo.
Desculpem minha franqueza…
Sou bela, maravilhosa!
Maravilhoso Amor
Maravilhoso Amor
Ó graça do infindo amém
Vem sobre as pessoas todas
Que vivem aqui só e sem
A paz do Deus poderoso,
Que transforma o mal em bem.
Com seu amor maravilhoso.
Marcelo
Marcelo
Nem sempre se é sincero
Por muita palavra, gesto.
Somos como futuro
Inda não manifesto,
Prestes a pular o muro,
Ver o outro lado belo.
Ver como é a praça nossa,
Pensar numa nova bossa;
Ver o que e porque zelo
Sem bater logo o martelo,
Como se faz no prelo,
De tal ou qual decisão.
E quem é como Marcelo
Terá sempre um lado-elo,
Entre a emoção e a razão,
Que nos faz sair da fossa
Ou do perigo do escuro
Em busca da perfeição.
Marcial
Marcial
(À MINHA AMIGA MÁRCIA)
A luta que encerra a vida,
Que faz do inferno céu
No mundo tem só um nome
Que às gentes descerra o véu.
É nome que faz história
Na terra-chão pecuária,
Na guerra do dia-a-dia
Da glória da Secretária
Que é Marcial, que é Márcia.
Maria
Maria
Que lindo nome
Eterno nome
Que muita gente
Não sabe ver
Que ser Maria
É reviver
A mãe na terra
Do ser supremo…
É ter na mente,
No coração,
Na vida inteira,
A maior missão.
Meio Meio
Meio Meio
Meio princípio
Meio inteiro
Meio eloqüente
Meio espectro de gente
Meio ambi…valente
Meio indolente
Meio de permeio
Meio metade
Meio loucura
Meio babel
Meio mesopotâmia
Meio árvore do meio
Meio mediterrâneo
Meio abstrato
Meio terra
Meio água que se encerra
Meio quase inexiste
Meio que se faz central
Meio primordial
Paraíso zodiacal
Meio assim, assim
De animais meio irracionais
Meio selvagens
Meio anjo, meio demônio
Meio ente, meio indecente
Meio próprio de patrimônio
Meio a/gente
Meio sacaneado
Meio desmoralizado
Meio filmado
Meio fotografado
Meio espedaçado
Meio sucateado
Meio fim.
Meniníssima
Meniníssima
Do alto da glória sua
de sua beleza nua
só posso me gloriar…
Pois nunca tive na vida,
neste ou em outro universo,
uma “super” supermenina
traçando, do belo, a sina,
enriquecendo o meu verso.
Mentira Global
Mentira Global
Internacional blefe
Do mundos em deriva
Universos desencanto.
Patrimônios se esforçando
Na contenção do desastre
Ecoante eco-cambaliantal.
A fantasia organizada
Que acaba em tragédia
Tragicômica procissão
De Dionísios sem rumo,
Buscando a infernação
De paraísos trimensurais,
Olhados bem vigiados
Pelo poder mundial
Que cresce assustador
E reduz este pedaço
Em baluarte eco-ambiente,
Em paraíso infernal;
Bacanal abracadabrante
Mentira melhor, e muito,
Que a verdade mais madura
Que a força mais destoante
Que a besteira mais infernal.
Que a verdade mais pura,
Nesse teatro da vida,
Onde o risco é um tratado,
Que disfarça a aventura.
Onde “hipócritas” é mortal,
É ator que não é pago,
Que ultrapassa o métron
Do olímpico poder
Combinado com a morte
De procrusto e seu leito.
Vai se esborrachar lá embaixo.
Não poderá morrer.
Ou ficará por si em enlouquecimento fatídico
Pedindo aqui e ali
Socorro e compreensão.
Mentira
Mentira
Mentira, aqui me esvaio
em tinta vermelho-sangue,
em guerras com nosso nome
horrores de coisas mil.
Mentira, por que assim és?
Fazes tanta maldade;
enganas tantos e quantos
pensam que tua ruindade
se transformará em bem?
Mentira, aqui me empenho
em quebrar o teu nariz
que fuça o templo do bem
a destruir a verdade
que só nele contém.
Mentira, quanta mentira
de homens, falsos palhaços,
que aqui são nada escassos
a enganarem o Brasil.
Minha
Minha
Na cara do meu sentir
és bela e fascinante
tanto que me dominas
Na esquina do vil pecado.
As flores são de ti só;
momentos de sensação…
Alegria, muita emoção.
Você pegando-me a mão,
dizendo-me tu ou você.
E grito aleluia, feliz;
tudo como sempre quis
tu me afastando a dor
você declarando-me amor
de dentro do coração.
Miragem
Miragem
Na esquina daquela rua
uma mulher magra e nua,
cortando o clarão da lua
como Eva na solidão.
Fui lá e vi a miragem.
Era a sombra de um pé de vara,
vibrando ao vento sem cara,
pedindo socorro a Adão.
Morte no Inverno
Morte no Inverno
Chegou o inverno
Tristeza e dor.
Todos tem pena,
Menos os nus,
Depenados; sem tristeza nem dor.
Todos tem pena do
Pássaro morto,
Menos o morto.
O fazer
O Fazer
Entre as esferas dos tempos
Einsteinianos, dos quadrados e seu arco,
Dos infinitesimais abstratos
Tudo fica na mesma,
O real, o rei e a rainha, a coisa do seu reinado…
A cair na roda viva
Do tempo, do fora dele
Neste, em nenhum momento;
No quadradismo do espaço arcoferencial
Tridimensional; do perispaço sobenatural.
Na república da poética,
Do trabalho suador;
Do trabalhador, sua métrica,
Sua luta renhida, frenética,
Sua morte, seu horror.
Do ritmo acelerado, marcha, volver!
Do mundo da cibernética,
Das sofisticações virtuosas…
Dessas espinhentas rosas
Do poeta sonhador.
Olha a pressa
Olha a Pressa
Dessa gente
Corre, corre
P´ra onde
Ninguém sabe…
P´ra corrida mais concorrida
Da sorte, da quase morte
Do herói, do corredor.
Das maratonas da vida,
Da história em geral sofrida,
Do dopping do vencedor.
Ó Tu
Ó Tu
Ó DEUS DOS CÉUS
E DA TERRA,
DO ETERNO UNIVERSO
EM FLOR,
PERMITA QUE A VIDA
NOSSA
NÃO PERCA O SEU
TERNO AMOR.
Palhaço
Palhaço
Lava, lava lavadeira
Tira a roupa da sujeira
Do sujo, todo engraxado
Que se mete na lameira,
Se mistura com a poeira
E se diz não ser culpado;
Que a vida é dura um bocado;
Que o trabalho é suado,
Do qual sai muito cansado…
Tudo bem, mal explicado.
Pois vejam só o gaiato.
Trabalha num escritório
E vive fazendo bico,
De beija-flor e de pato,
Com as meninas gatinhas
Que miam no seu telhado
E moram no mesmo bairro,
Só consertando seus troços,
Carros, motos, bicicletas,
De graça, sem nenhum cansaço;
Sem reclamar um pouquinho…
Mixto de otário e palhaço,
Que diverte a “gataria”
Em troca de um beijo, um miado;
Um abraço bem apertado.
Um sorriso, um carinho.
Paraíso
Paraíso
Onde está tal paraíso
Que inda se diz encantado?
Que transformaram em sonho
Entre o ingênuo e o medonho?
Que até provocou riso?
Não era lá perto do golfo,
Lá onde se vive e morre
Embaixo de fogo cerrado?
Digam-me se é o Eldorado
Das ficções, das histórias,
Dos mitos de antigamente
Na geografia ocultados?
Será o sonho Shangrilá?
E o Orço teatralizado,
Lá onde foi Dionísio
Por Aistófanes mandado?
Segredos de Shambalá?
De Mis-tli-tlan, enterrado?
Calar? Não vou me calar.
O paraíso perdido
Há muito foi encontrado.
Mas tem que ser escondido,
Despistado, enrustido:
Ser mais do que censurado…
Até a bomba estourar.
Partida
Partida
Lá se vai ela, enfim,
Quando me veja na esquina
Bem perto da ex-nossa casa.
E enquanto ela olha p´ra mim,
Os olhos lacrimejantes.
Que horror essa triste sina!
Sem poder nos despedir,
No duplo desse partir,
Do seu ir, do meu coração
Que em pedaços se quebra,
De dor e forte emoção,
Grandes como a estrada
Por que que seguiu minha amada,
Que deixa aqui destronada
E amargurada minha´alma
Depois da doce paixão.
Patricinha
Patricinha
Quando vi você, que vi
Pela primeiríssima vez,
Pensei em linda roseira,
Mas com espinho, muita dores.
Olhei bem , sem prevenções,
Vi então minha besteira…
Que espinhos eram mentira
Que essa roseira fala de amores
Lirismo, sonhos em cores;
Beleza, esplendores.
Pé de Pezão
Pé de Pezão
Ao longo da Evolução
Tudo se pode inventar
Não só andar p´ra frente
Mas também retro-andar.
Só que a moda está no pé,
Que cresce de nutrição
Como cresce o corpo inteiro
E cresce o pé de feijão.
Cresce o pé que é pequenino
Cresce o pé que é de pilão;
Cresce o pé de galinha
Cresce o pé já pezão.
De fato, se vai crescendo
P´ra cima e até p´ro lado;
Nunca desaparecendo,
Sendo de longe avistado.
Cresce-se também p´ra frente
A te se cresce p´ra trás
Se cresce um pouco na esquerda,
Na direita pouco mais.
Séc cresce ainda por dentro,
Mas, mais na periferia;
Os órgãos como o esôfago,
Mega, e na megalomania.
Cresce do pé a fama,
Da sapataria não rara,
Com preços lá nas alturas,
Rancando os olhos da cara.
Cresce a fama da ciência
Cresce tudo à luz do sol…
A cabeça cabeceia,
mas do pé é o futebol!
Crescem mitos e lendas
Descobertas de esqueletos,
De pés que marcam no solo
Buracos obsoletos.
Crescem calçadas famosas,
De cabeças e pés no chão.
Mas, também cresce o capim
Que alimenta a ilusão.
Peixe
Peixe
Tirar o peixe do rio
Não é uma boa lição;
Chego a sentir calafrio
Quando nos falta visão.
Certo, peixe se come
Com muita satisfação,
Mas se do rio ele some,
Por pesca depredação,
Você vai perder a fome,
Vai até para a prisão.
Penso
Penso
“Cogito ergo sum” mais
planetário sem luas
das esperanças frustradas,
por vezes achadas nas ruas
nas calçadas, nas esuinas,
nas estradas empoeiradas.
Penso-me, ergo-me; sumo
Saindo por um dos três lados
Direito, torto, sic centro,
Pensando meu pensamento,
Girando moinhos sem vento
Dos/nos quais não saio não entro
Penso não sei se desisto
De tudo que não conquisto
Por ser (ou não ser!) bem visto
Com minha excessiva loucura
No mundo de aventura,
De quixotescos moinhos…
Sem Don nem Sancho, sozinho,
Curtindo minha amargura
Como se fosse doçura;
Sem qualquer momento raro
Por ter nascido agridoce,
Menos doce do que “agri”;
Adjetivo, amaro.
Perdão por tudo
Perdão Por Tudo
A tantos quanto ofendi,
Passei por cima zangado;
No prato no qual comi
Cuspi por deseducado…
Andei correndo na frente
De quem estava ao meu lado
Porque, de cabeça quente,
Estava descontrolado.
Não dei o pão ao faminto
Neguei ao pobre esmola,
Dizendo “eu sinto muito”
Que sou formado na escola…
Do bem e da caridade.
Da bondade e do amor
Contra a desumanidade
Dos que promovem a dor.
Alguma coisa eu fiz
Mas que barbaridade,
Porque, sem querer, não quis
Ser um guardião da bondade.
Briguei com quem me amava;
Gritei com raiva intensa
A quem tão-só desejava
Perdoar toda minha ofensa.
Lutei nos flancos da guerra
P´ra não morrer sem viver
Enquanto me foi consentida
A sorte de me arrepender.
Perdão amigos, perdão
E meus inimigos talvez
Porque não tive a intenção
De ser tão mal a vocês.
Perdão
Perdão
Por tanta piromania
Que esquenta a frigideira.
Mas não deixa o frango assar.
Que a pega na pimenteira,
Faz arder a vida inteira
E o corpo faz queimar.
Pelo excesso de besteira
Que a minha louca mania
Impõe ao seu coração.
Perdão…
Por ter que me perdoar.
Perplexa
Perplexa
Sentei-me aqui nesse canto
Com vontade de cantar,
Mas vejo-me chorando seco
Com o pensamento a fluir
Entre escrever e amar.
São coisas da situação
Que povoam-me a cabeça
No meu fazer diluído
Em esperanças já idas
E as que ainda estão presentes…
Nas portas do meu querer;
Entre a ausência do nada,
O canto da vã emoção
Minha presença em nada
Das cinzas do meu não ser.
Pindorama
Pindorama
Dos Andes sulamericanos
da herança pré-colombiana
de civilizações em revinda…
mistérios mil, peruanos,
segredos não revelados…
de lá nasceu pindorama,
palmeiras desse Brasil,
país dessa gente linda
Que com o coração o ama;
de bravos varões, varonil.
de sorte que leva ao alto
de cordilheiras, além;
ou baixos mares singrados
por anjos, seres alados;
que acima do azul, vão ao Bem.
Visão, orama, um nome
inverso, de trás p´ra frente
depois do que é só palmeira…
que faz-me sonhar vida inteira
com pindorama na mente.
Poesia
Poesia
Aiseop
Opaise
Seiapo
Esopai
Iapeos
Paosei
Oipesa
Esaiop
Seiape (o)
Isopae
Apedios
(poesia)
Precária
Precária
Amigo de todo mundo
Você me faz reviver,
Quando olho lá no fundo,
A história da destruição.
Da nossa precária vida;
Dos loucos da bebedeira.
De corações sem fronteira
De amores e de paixão,
Bebendo p´ra esquecer,
Morrendo p´ra não morrer,
Vivendo na contra-mão.
Purabela
Purabela
Pura mui interessante,
Porquanto a beleza tua
Me faz vibrar no instante
Em que teu olhar me promvoe,
Com teu semblante de lua,
À alegria do espaço.
E tu se vai docemente,
Fluindo amor cativante,
Vibrando a graça envolvente,
Quebrando tabus, sem cansaço.
Queria ver-te assim nua
De preconceitos, na rua
Mudando a tristeza crua
Em alegria de fato.
Daquela que a todos comove;
E tudo se faz um barato.
Quero
Quero
Na esquina daquela rua
uma mulher magra e nua,
cortando o clarão da lua
como Eva na solidão.
Fui lá e vi a miragem.
Era a sombra de um pé de vara,
vibrando ao vento sem cara,
pedindo socorro a Adão.
Rapaz
Rapaz
Pare por aí mesmo
Com sua fria maldade,
Sua ferocidade;
Não mais me toques com a mão.
Você me faz só sofrer,
Ter vontade de morrer,
De acabar com a ilusão,
Tal sua infidelidade.
Vai em frente me deixe empaz,
Procure quem te agüente,
Quem sabe, até, “de repente”,
Um amigo, um belo rapaz.
Realeza
Realeza
Diga-me se já sabias,
Que aqui nessa Goiás
Ninguém pode mais chorar
De tristeza; só de alegria
De morrer de se esbaldar.
E, arrepiando o sonho,
Deixar p´ra trás o bisonho,
Pensar, gritar, não ser surdo
Quando o coração falar.
Ver bem pertinho, do seu lado,
O amor que é conquistado
Pelo poder do olhar.
Ler, estudar, se informar,
Saber de tudo um pouco;
Não fazer ouvido mouco
Às vozes e sons do lugar.
Comer, beber, fazer tudo
Sem nunca ser cabeçudo
E nunca extrapolar…
Dormindo sem cerimônia,
Sem ligar p´ra chata insônia;
Acordar à noite e olhar
Lá em cima, p´ra todo lado,
Ver tudo enluarado
Se for noite de luar.
Ver o sol, lua, o despertar;
O boiadeiro cantando
E o peão a se arriscar.
Ver que nada foi mudado,
Que certo não mudará
Nem que a jiripoca fale,
que o velho galo cante
ou a galinha cacareje;
que tudo está bem tombado;
que o trem não sai da linha,
nem se desencarrilar.
Ver o museu laureado
Com o presente do passado
Do que foi realizado
Ou se quis realizar.
Ver a catedral, seu ensino,
Ver como se toca o sino,
Olhando, no alto, o céu,
Com fé e com contrição,
Com toda dedicação,
Sem ficar de deu em deu;
Ir p´ra igreja orar.
Ver as pedras sob seus pés,
Que nunca abandonaram as ruas.
As praças cheias de graça
Da gente a circular.
As secas fontes, formosas,
Que aguardam pacienciosas
A água e a luz chegar.
E ainda mais, mais um pouco…
As velhas árvores históricas,
Pousadas de passarinhos;
Pássaros fazendo ninhos,
Felizes a gorjear.
Pinhadas de verdes folhas,
Fazendo grandiosas sombras
P´ra embaixo ficar à toa
Quem não quer se bronzear.
E os turistas que vêm
Aqui, pensando encontrar
O paraíso perdido.
E o encontram sem demora,
E deixam de ir-se embora
Com preguiça de voltar.
Mas vêm também por que
É um pedacinho do mundo,
Despoluído e despido
De tudo que é preconceito,
Sem nunca bater no peito
Por ser cidade exemplar.
E retornam à natureza
Que aqui faz a proeza,
Sem exagerar na franqueza,
De o paraíso ofertar.
Vêm, ainda mais do que vêm,
Dizer que o universo implode
E se torna mais coeso
Contra aforça repulsora
Que ao atingir a pletora,
O torna em fragmentos
E em linhas divergentes
Que separam tudo, as gentes,
Os corações e as mentes,
Se perdendo no eterno espaço.
Acelera o movimento
Que pega o mundo, surpreso,
A se acabar, se zerar
E entregando-se ao desprezo
De tristeza por se matar.
Sim, é só se acostumar
Com a beleza natural,
Com a riqueza ambiental,
Cultural, idem, ideal
Que vai se maravilhar.
Aqui não há o barulho
Da poluição, do entulho,
Daquela tal latomia
Que faz o ouvido ensurdar.
Nem há o saber prolixo
Que joga conversa fora,
Dizendo que o escatológico,
Nos dois sentidos que explora,
Excremento e confusão,
Transforma o luxo em lixo
E o mundo num lixão:
Finda a civilização.
E a alta tecnologia
Dos riscos com sua mania
De viver às nossas custas,
não virá atormentar,
isto é, enquanto for
superada por medidas
novas, concretas, justas
da atual mentalidade
que ensina a todo instante,
jurando sempre a verdade,
nosso mundo a se salvar!
De quem ama e é amante,
Só quer paz e harmonia;
Não vai se desesperar
Por não ter soberania;
Não saber qual é a via
Em que se vai caminhar.
De quem sabe viver bem,
Agradecer, dizer amém
A quem dá o habitat
E o poder de administrar.
De quem com a natureza fala
Com seriedade e franqueza,
Que ela é pura beleza,
Que quer dela se enamorar.
Que é show supernatural,
Show de variedades…
E a nascente e o rio
Dizendo estarem felizes,
Eis que nos servem com empenho,
Sem reclamações, sem pio.
De quem canta o eterno bem
(? Falta uma parte)
que faz a vida fluir
e a natureza em festa
olhar p´ra gente, sorrir.
Dos que são mais ousados,
Agem com toda ousadia
Capaz de vencer dia a dia
Os problemas, os percalços.
E gritam bem alto, bom tom
Contra injustiças, maldades,
A incompetência, a besteira
Que tiram da dianteira
Essa cidade sem igual.
Gritam com a força da alma:
Goiás é paraíso, é espaço
Onde não há embaraço…
Goiás é legal, muito bom,
Tem amor, tem fantasia,
Mais do que o que se sabia;
Tem natureza beleza
Acima do imaginável;
Tem tranqüilidade, bonança
Tem a beleza da criança,
A certeza, a esperança…
Goiás é sensacional.
Refazendo
Refazendo
Poesia de refazenda
Do feitiço que se encerra
Lá nas grimpas do não ser;
Dos amantes sem cabeça,
Espadas desembainhadas,
Morrendo sem tocar tambor,
Mas, tendo horror do horror.
Amor, Roma às avessas,
Descobrindo o descoberto,
O cupido esculpido
No hermético dos ardis
Do trágico maquiavélico…
Do que estava, quem estava
No ali de cada aquém,
Sob o silencioso incerto
No amor peripatético…
Sofisticados venenos.
Dos romances de enxurrada
Dos cavalheiros andantes,
Dos salões de lampeões
Dos cabalos e das cabalas
Que segredam o mistério
Do secreto ministério
Que vem, vai, estaciona
Na explosão de cada flor.
Como o romeiro da estrada,
Solitário no seu rumo,
Pedindo carona errada
Por não conhecer ninguém
Que esteja indo ou que for
Pela estrada encantada
Das romarias sem nada,
Sem a esperada esperança
Que faz alívio à dor.
Requebrando
Requebrando
Quebra quebra quebradeia,
Quebra o pau, quebra a garrafa;
Quebra as pernas da cadeira,
Quera a cara do palhaço;
E o pescoço da girafa
Se estiver muito esticado.
Quebra o mal da cachaceira,
Que leva à ruína ao fracasso.
Quebra de novo o quebrado.
Mas não faça nunca a besteira
De estragar o requebrado.
É que, também, por outro lado,
Mulher linda, faceira
Conhece bem a maneira
De manter a aparência,
Ficar sempre em evidência,
Ser na vida a primeira,
Segunda, nunca a terceira
Na fila do rebolado.
Retalhos
Retalhos
Teorias mais teorias
De brisas mal esculpidas
Nas páginas escrituradas
Dos sonhos de fantasias
Que discordam da razão.
Retalhos descosturados
De idéias/fragmentos,
Símbolos/desunidades
Repletos de impiedades
Onde reina do mal a ação.
E as divergências sem franco
De guerras entricheiradas
E ensangüentadas armas
Perdidas pelas estradas
No show da destruição.
Escondidas e ou achadas
Nos antros da malandragem
Política, marginal, vagabunda
Em que a barca do mal se afunda…
Armas imorais, imundas.
Tragédias aristotélicas
Tramadas no matateatral
De magnas alexandrinas
Que destruíram palestinas
E o planeta ocidental.
Despedaçadas verdades
Repletas de hipocrisias
Das mais cruéis novidades
Do mundo inteiro de farsa…
Retalhos de teorias.
Revertere
Revertere
De volta estou ao passado,
No revertere, ao fim,
Do que estava implantando,
Conforme determinado
Por pátrio poder, não por mim,
Por força da zeração
De tudo que é negação,
Que se impõem; niilismo;
Enquanto se enobrecem,
De tanto que enriquecem,
Na onda do elitismo,
Os centros mais avançados,
Que falam aos emergentes:
Aceitem o destino implacável
De ser partrimônio p´ra gente
No grupo dos que o mundo
Não deixam ser mais devastado
Por fúria tecnológica
Dos ricos, adiantados,
Que atravessam a lógica
E vão numa direção
(sem saber p´ra onde vão)
contra a proposta ecológica
da urgente preservação.
Urge olhar o passado,
De onde foi dado o salto;
O paraíso encantado,
Da árvore do meio do jardim;
Daquela nudez inocente
De dona Eva e de Adão,
Que a inimiga serpente,
Invertendo a situação,
Fez vestir roupa sumária,
De certa forma precária,
Se fingindo moralista.
E hoje, o nudismo sem cara
Famoso, sensacionalista,
Reverte” ad locum tuum”,
Fingindo inocência rara
De sem-vergonha comum.
Deu-se o salto p´ras culturas,
Como diz o Peregrino,
O Hélio, o iluminado.
Perfil em que o encaixo.
Mas, não salto p´ras alturas;
Foi queda… foi para baixo.
Riqueza
Riqueza
Ter mania de grandeza
é coisa da realeza,
que entende que pobreza
faz parte da natureza
dos que nascem com a certeza
de que a vida é só fracasso.
Dos que comem sob a mesa,
enquanto o cão come em cima
e sobeja a sobremesa
com cujos restos anima
os pobres que comem embaixo.
A mensagem está na Bíblia.
Quem entende o que ela ensina
sabe que Deus é rico,
não gosta de pagar mico;
ver seus filhos na esquina
pedindo esmola a ricaço.
Roseira
Roseira
Vejo você tão arisca
Que a me olhar se arrisca
Quando mais quero lhe ver…
Sem sua beleza afetar
Com minha rude presença.
Que maravilha eu vejo
Nos seus trejeitos e curvas,
No seu sorriso calado,
No seu semblante só seu;
No seu corpinho que quero.
Deixa-me sentir agora
A certeza que nos queremos.
Resolva já, sim, decida.
Você juntinho de mim
E eu de você querida.
Sem só
Sem Só
Sem a dor que sente n´alma
A alma desafinada
Com o ser de ser criado,
Não há flor, nem calor,
Nem fervor, nem há cor.
Sem amor criador
Não há nada; só há dor;
Nossa dor, sua e nossa.
AMBIENTAL
Bicho, somos nós toos,
Pois somos reino animal.
Mas, fato, fomos “bichados”
Fora do ambiental.
Quero dizer, me entenda,
Sem entrarmos em contenda,
Sobre esta questão do meio,
Quem vem lá do paraíso,
de nossa Eva e Adão
que, não por falta dea viso,
deixaram a peteca cair no chão.
Lá Deus já se preocupava
Com tal história da árvore;
Que, dela você comesse,
Iria pagar muito caro;
Perderia d´Ele o amparo.
Hoje, voltando ao assunto,
Fico sem nunca entender,
Porque silenciam o fato,
Questão de viver ou morrer…
Ah, Deus também quer saber?
Ser Nós
Ser Nós
Nem tudo que olho vejo
Porquanto não sou como Deus.
Mas vejo bem os teus sonhos,
E vejo os meus sonhos nos teus.
Até teu coração vejo
Com os olhos que Deus me deu:
Os teus olhos e os meus.
Sobrenatural
Sobrenatural
Por entre as ramagens em festa
do meu jardim tão florido
a sombra vai em silêncio,
buscando o tempo perdido.
Ela não veio do passado
nem é só do meu jardim.
Penso que nele se encontra
como um presente p´ra mim.
De fato, ela agora se veste
de formas reais, posso ver,
mas corre inda mais p´ra adiante
sumindo entre o ser e não ser.
Então me vem à lembrança
o que me desperta afinal:
a minha mais grata esperança
é mera ilusão do real.
Sorria
Sorria
(oficina da gargalhada)
Vamos fazer terapia…
Que o mundo todo ria.
Mas, pode também chorar.
Não se incomode com nada,
Nem mesmo em exagerar.
Esqueça a vida malvada.
Começa com qui, qui, qui, qui,
Passa p´ra que, que, que, que,
Termina com qua, qua, qua, qua.
É muito bom você rir,
Porque com essa terapia,
Sua tristeza vai sumir.
Quem for meio desajeitado,
Querendo mas não acha graça,
Faz cosquinha aqui do lado.
De novo, agora invertendo:
Mexe com os pés e com as mãos.
Começa qua, qua, qua, qua.
Capricha que, que, que, que.
Repete qui, qui, qui, qui,
Dê uma gargalhada (………………)
Sorrindo
Sorrindo
Eu sinto que sinto tudo,
Vejo, até posso ouvir
A morte a mim sorrindo,
Que nada mais é que dormir,
Dizendo no meu ouvido que sou um homem feliz;
Tenho um destino lindo,
Futuro a mim bem-vindo…
Tenho muita sorte e vivo
Assim como sempre quis.
Strogofrango
STROGOFRANGO
Nunca sei porque direito
Palavra escalafobética
Que me desperta a poética
Do mais gaiato fazer,[não me deixa o imaginário
de brincadeiras, bobices…
que faz-me rir toda hora.
Piadas trocadilhescas
De uma “ex” minha senhora
Sobre um tal “estragou nós”.
Também das da minha “ex”,
Piada de um tal galináceo
Se tornar um “fracassado”,
Ou seja, um frango assado.
E nunca mais mesmo esqueço
Minha engraçada “ex/posa”
Que me destraia a memória
Com essa engraçada estória
De estrogofrango sem sorte…
Resta então ao strogonoff
Ser mais um pouco atencioso,
E não estragar o prazer
De ser comido, gostoso…
E não ser jogado off.
Supremo Silêncio
Supremo Silêncio
Silêncio, total silêncio
Que escuto silêncio em falas
Do Espírito; em pensamento,
Querendo dizer-me algo
Sobre coisas do momento.
Silêncio, ouço ainda ruídos
Que nos pertubam ouvidos
E ferem-nos coração,
Porquanto, assim, sem brandura
Se nos perde comunhão.
Silêncio que ouço vozes
Voando de firmamentos,
De seres em multidão,
Em vozes de grande coro,
Cantando meus sentimentos.
Silêncio, se faça pleno
No pleno desta grata hora,
De maravilhas celestes
Vindas em benção eternal,
Que Deus nos manda agora.
Silêncio, profundo silêncio;
E não se ouça própria voz
Mas, tão-somente a Suprema,
Do Eterno, que sem dilema
Vem habitar entre nós.
Talião
Talião
Antigamente nos tempos
Da força do tal Talião
Tudo era mais coeso,
Mais duro, mais coesão.
Não era tanto o afrouxo
Como o que falsifica o mundo,
Gente, máquinas, objeto.
Hoje já outro é o arrocho.
Toda pós-modernizada
A terra degenerou;
Com o avanço da ciência
A tecnologia estourou.
E brincam até que os velhos
Tem muito mais resistência;
Que de “falus”
Não vem falência.
Certo, com a Lei da Graça
Tudo ficou engraçado
Tragédia morre na praça,
Teatro desengonçado.
Com o “bang” do universo,
Que o vento há muito levou,
E faz agora o inverso,
O planeta se afrouxou.
NO fundo, está tudo certo.
E mesmo que esteja errado,
o “lião” perdeu a força
e volta desenjaulado.
Talvez Maria
Talvez Maria
Nos universos das vidas
O nome, mesmo fantasia,
É super-interessante,
E faz bem a vida inteira…
Se se chama você Maria;
Se você é mas não sabia…
O seu futuro é brilhante.
Tanto Quanto
Tanto Quanto
Quanto sol
Quanta beleza
Quanta alegria ternura
Quando nadas
Quando tudo
Quando explodes
Tanto amor.
Tanto quanto
Quando tanto
Quanto encanto
Nessa flor.
Tempo Perdido
Tempo Perdido
Que é do tempo presente
Que parece estar ausente
Por se fazer entrementes
Do que se foi, do que vem?
Como estará o passado
Que dizem mal engomado,
Seguiu desalinhado,
Levando tudo p´ra aquém?
E o tempo que está perdido,
Que buscam por aí em fora,
Que passou por mim agora,
Correndo a pegar o trem?
Tensão
Tensão
Socorro, vou dar um troço,
Um espirro, uma gargalhada.
Estou sentindo uma coisa
Nas pontas das minhas mãos.
Agora foi p´ro coração.
Deslocou-se mais p´ro peito;
Foi p´ra perto do umbigo;
Pulou para o pescoço;
Subiu para a cabeça,
Despencou caminho abaixo
P´ra um lugar… não te digo.
Socorro, vou dar um troço
Ah! Já sei é tensão.
Terrenal
Terrenal
Vive a terra que vive
Dentro do seu torrão
Do seu mundo de barro.
De coragem e aventuras…
Nunca, porém, se esquça
De viver além da terra,
Fora da materialidade,
Como dizem as escrituras.
Na beleza do espírito
Que no seu corpo flutua.
Que quer a eternidade.
Touro
Touro
Tourada que eu conheça
Touro só briga em pé.
Mas aqui não há tourada
Que briga aqui ninguém quer;
Querem só comer-lhe a carne
E tudo mais afinal,
Quando está mui bem cevado…
E com ar de debochado,
A ele dizem coitado.
Neste mundo canibal
Sou touro, sou mastigado
Morro. Dizendo olé!…
Mas, me digam, quem não é?
Trânsito
Trânsito
Pare! Olhe o sinal vermelho;
O transeunte entrando na faixa
Branca listada.
A chuva molhando a pista.
Coloque as vistas no espelho,
O cinto em segurança…
Não pode ser brusca a freiada,
Por causa da derrapada,
Da dor e da desesperança.
Amor 1
AMOR 1
Wadislau Martins Gomes/João Inácio
Amar é mais do que falar de amor
É mais do que sons além da expressão.
O amor é intensa vida interior
Extravasando o coração.
Amar é mais do que êxtase ou encanto
É mais do que o som de um címbalo ou de um sino.
O amor é o riso que se segue ao pranto
É música que paira após o hino.
Amar é sendo Deus, romper a vida.
Tomar a forma humana, rubra dor.
E o inromper da morte já vencida.
Amar é ser o amor do Teu amor.
É ter-te salvador, Senhor,
Assim como na cruz,
Te entregas-te por mim.
Oh, Jesus, tão grande amor.
Te entregas-te por mim
Como na cruz.
Amor 1
AMOR 1
Wadislau Martins Gomes/João Inácio
Amar é mais do que falar de amor
É mais do que sons além da expressão.
O amor é intensa vida interior
Extravasando o coração.
Amar é mais do que êxtase ou encanto
É mais do que o som de um címbalo ou de um sino.
O amor é o riso que se segue ao pranto
É música que paira após o hino.
Amar é sendo Deus, romper a vida.
Tomar a forma humana, rubra dor.
E o inromper da morte já vencida.
Amar é ser o amor do Teu amor.
É ter-te salvador, Senhor,
Assim como na cruz,
Te entregas-te por mim.
Oh, Jesus, tão grande amor.
Te entregas-te por mim
Como na cruz.
Translúcida
Translúcida
Através dos universos
do seu corpo luciforme,
as cores do seu sorriso,
as formas do ser você
são coisa que nem mereço…
translúcidas, do seu não ser.
Coisas boas de se ver.
Porquanto são coisas vivas;
são trejeitos encantados
que por Deus foram bolados
no seu eternal saber.
Trem
Trem
Desculpem, saiam da frente,
Que estou correndo, com pressa
P’ra pegar o trem das onze
Que já passou aqui nessa
Estação de carreira…
Onde voltará o trem
Que levou minha esperança
E vou pegar de besteira.
Um dia
Um dia
…Serei alguém
de muitas caras trejeito.
Gente de bater no peito,
Vencer qualquer valentão.
Serei o maior do mundo,
O ser de maior beleza
No trono da realiza,
No sonho da ilusão.
Visagem
Visagem
Meio rosto…
O outro, igual ao que está exposto,
Guarda p´ra não esperdiçar.
Mas registro meu protesto.
Por que não o corpo todo
Que, penso, ao rosto ligado,
Salvo se mal-assombrado;
Existe, se é formoso,
Tem cheiro maravilhoso?
Queria o poder olhar.
Derrubo este muro agora,
Em que está encostada…
Não se vá preocupar.
Espere só um instante.
Pronto, está derrubado.
Onde você está?
Você
Você
Ó que beleza tão rara
Que penso num anjo a voar
Lá das maiores alturas,
Vindo a nos embelezar.