Amor de químico
AMOR DE QUÍMICO
Netinho
Quando por mim ela passa
Sinto como que todos os
Meus átomos se dividissem.
Aquela sua inconfundível
essência de “piridina”
me faz pensar num futuro (temeroso)
e faz com que todos
fiquem tontos… de amor.
Que me toca,
Fico altamente exotérmico.
Quando me abraça,
Sinto em sua pele
O maravilhoso petrolato.
Ah, esse amor protônico
Que fissa meus átomos
E deixa meu “delta agá”
Menor que zero.
És algo prá lá de acida
E, ao mesmo tempo,
Tiras minha concentração,
Deixando-me diluído.
Fofinha, você é
Meu solvente universal.
Atomística
ATOMÍSITCA
Netinho
Entre átomos a conheci
Pulando entre elétrons.
Trocando de carga e,
A cada descarga,
Ionizava neutrons.
Entre uma meia vida
A perdi,
Pulando e saindo
Dos meus sonhos.
A maldita me aprisionou
Com a grande leveza
De quem “zera uma pipeta”.
Trocou minha mente
Por uma outra
Unidade de carbono.
Deixou-me vazio,
No estado fundamental.
Dúvidas de um adolescente
DÚVIDAS DE UM ADOLESCENTE
Netinho
Morte, tristeza e pobreza.
Coisas que contrariam a beleza
Mas são coisas da natureza.
Mundo, pessoa e esperteza.
E o mundo, será que é
Dos mais espertos
Ou será daqueles que
Só fazem o certo?
Dúvidas,
Elas sempre acontecem
Com pessoas lúcidas.
Carros, movimentos… peço perdão.
Entranham-se, normalmente,
No nosso corpo, na cidade.
Felicidade? Não, não.
Incerteza numa vida incerta
Quando a mente traça sonhos
Em todos os tons.
(tudo na mesma…!)
as palavras confundem-se
com outros sons.
Antes que percamos o mundo,
Ele já nos perdeu.
Doendo no âmago,
bem fundo,
Sabemos que ele venceu
Antes que começássemos a lutar.
E isso faz pensar em desistir.
Então, prá que viver? Prá perder?
Até nos somos incertos.
Rimos, choramos com falsidade
Quando achamos estar perto de gente,
Mas esquecemos:
Existe maldade que destrói,
Corrompe e corroi.
Elos e fetos
ELOS E FETOS
Netinho
O mundo ressalta
As alas,
Os elos.
O mundo agrega
Os fatos,
Os fetos.
O mundo não pára
Os tiros
Dos tiras.
O mundo não fala
O homem,
O amor.
O mundo estimula
O louco
A (de) fome.
Os elos desagregam
Fetos alados.
Os fatos não param
Os tiros do homem
No homem.
Do amor ninguém fala
Meu coração
Tá às tiras.
O homem constrói o mundo,
Pobre homem,
Pobre mundo.
Todos com fome
Sem elos
E com fetos.
Trânsito da nova era
TRANSITO DA NOVA ERA
Netinho
Sinal vermelho
É início de vida
De uma nova vida
E o fim do que já era.
Sinal vermelho
Não quer dizer que pare,
Mas que siga lutando
E cortando com sangue
Na terra.
Mas não confunda
O que existe de grande
Dentro do sutiã
Com o que gira
Na sua nova cabeça.
Ela ainda está verde.